Berenice Gehlen Adams
2003
As práticas de Educação Ambiental são uma busca
freqüente no Website do Projeto Apoema – Educação Ambiental (antigo Projeto
Vida - Educação Ambiental). Cabe esclarecer
que estas práticas não podem ser estanques, determinando um período específico
para o seu desenvolvimento, mas devem estar inseridas nas diferentes formas de
trabalho na rotina escolar. Outro ponto fundamental é o de cada docente inserir
a visão ambientalista aos conteúdos e temáticas a serem desenvolvidos durante
o período letivo.
Muitos
educadores apresentam dificuldades ou, até mesmo, uma certa resistência quanto
à inserção da Educação Ambiental em suas práticas educacionais, em suas
atividades rotineiras. Isto se deve ao fato de termos poucas referências sobre
práticas educativas ambientalistas. Com esta falta de referenciais, os/as professores/as, em
geral, sentem-se “perdidos/as” em relação à Educação Ambiental.
Inserir
a Educação Ambiental às atividades escolares rotineiras nada mais é do que
tomar como foco principal de toda e qualquer atividade, a questão ambiental que
esteja inserida no contexto do conteúdo que está sendo desenvolvido.
Não é necessário ser um biólogo ou engenheiro agrônomo, engenheiro florestal,
cientista, para falar em Educação Ambiental. Na verdade, todos nós somos (ou deveríamos
ser) Educadores Ambientais, só nos falta a prática.
As
sugestões que serão apresentadas foram realizadas em atividades do “Projeto
Vida – Educação Ambiental” (hoje Projeto APOEMA - Educação Ambiental) e obtiveram resultados muito positivos e
satisfatórios. Cabe salientar que elas poderão ser adaptadas para diferentes
enfoques ou temas que aqui estão abordados.
Sugestões
de Atividades
Atividade 1 – Criando e recriando com palavras
-
Levantar com os/as educandos/as uma listagem dos principais problemas
ambientais locais, com alguns comentários sobre os mesmos, diagnosticando o
grau de preocupação e esclarecimento dos mesmos;
-
Apresentar o quadro abaixo e propor o preenchimento com palavras, em grande
grupo:
(preencher com palavras associadas à:
Problemas ambientais | Local | Animais | Plantas | Personagens “heróicos” de algum conto ou lenda | Personagens “vilões” de algum conto ou lenda | Elementos de cenário |
Ex:Poluição;
... |
Cidade;
... |
Rato;
... |
Flores;
... |
Fada;
... |
Bruxa;
... |
Castelo;
... |
Obs.
Esta
atividade foi realizada no quadro “negro”, podendo ser em um painel de papel
pardo.
-
Depois de preenchido o quadro, dividir o grande grupo em pequenos grupos de
no máximo 5 participantes e propor elaboração uma história utilizando 2 a 3
palavras de cada quadro. Tempo estimado para a atividade: 20 minutos, com tolerância...
-
Concluída a história, trocar as histórias entre os grupos;
-
Cada grupo deverá representar a história, utilizando materiais que estão
à disposição (sucata em geral) – tempo: 15 minutos;
- Para fechamento, pedir que cada um relate o que foi trabalhado na atividade desenvolvida e o que sentiu em relação a ela.
-
Formação de um grande grupo em círculo;
-
Exposição de lixo seco no meio do grande grupo (o lixo deverá ter
materiais que se sub-agrupem e que contenham o mesmo número que os
participantes, por exemplo: 5 tampas plásticas, 5 garrafas PET, 5 caixas de
suco longa vida, 5 potes de vidro, 5 copos descartáveis).
-
A sala já deverá estar previamente preparada como descrito anteriormente;
-
Inicia-se a aula com um texto reflexivo sobre lixo, de escolha do/a
professor/a, podendo ser uma notícia, artigo ou história sobre o assunto
“Lixo”. Podemos fazer uso de uma boa música para o fundo da leitura.
- Propor a observação do lixo que está à frente, no centro do grupo;
-
Cada participante é convidado a escolher um dos elementos do lixo;
-
Distribuição em grupos de acordo com o lixo escolhido – o grupo das
tampinhas, o grupo das garrafas, etc...
-
Levantar as seguintes questões para análise em grupo:
-
Tempo de decomposição;
-
Impacto causado pela produção da embalagem;
-
Análise do rótulo da embalagem;
-
Qual o slogan do produto e apelo publicitário;
-
Qual seria a opção para a reutilização do material.
-
Apresentação das análises ao grande grupo.
Atividade
3 - Confecção de cartões com sucata:
-
Apresentar diversos tipos de lixo de papel e papelão: revistas, jornais,
caixas de embalagens, caixas de papelão...
-
Cada participante escolhe materiais para elaborar um cartão ambiental
utilizando técnicas sugeridas pelo/a professor/a:
-
Dobradura;
-
Recorte e colagem;
-
Rasgadura...
-
Confecção do cartão propriamente dita;
- Exposição e relato da confecção do cartão ao grande grupo.
4. a) Colocar à disposição dos/as educandos/as os
materiais necessários para a confecção dos carimbos: tocos de madeira (que
podem ser solicitados em madeireiras ou fábricas de molduras, móveis) e cordão
de algodão ou lã (o cordão é melhor).
4.
b) Apresentar alguns modelos de carimbos com formatos variados (estrela, árvore,
sol, lua, etc.).
4.
c.) Confecção dos carimbos propriamente ditos.
4.
d) Confecção de um painel em grupos, utilizando os carimbos confeccionados.
5.
a) Preparo da massa de papel para modelar: liquidificar o papel picado – para
cada três punhados de papel picado, meio copo do liquidificador com água –
bater e despejar em uma bacia e ir fazendo até ter bastante polpa. Espremer o
excesso de água e adicionar uma colher de sopa de cola ou grude para cada
“bolo” de massa de papel espremido e ir colocando em uma bacia. Quando tiver
massa suficiente, é só começar a confeccionar a máscara.
5.
b) Para confeccionar a máscara, fazer uma bola de papel jornal amassando várias
folhas até formar uma esfera de forma ovalada. Sobre esta esfera, confeccionar
a máscara.
5.
c) Dias depois a máscara estará seca e poderá ser pintada, de preferência
com tinta plástica ou acrílica.
5.
d) Pode ser sugerida a confecção de potes, formas geométricas, além das máscaras,
com os mesmos procedimentos.
Materiais
necessários para cada minhocário: Uma garrafa pet de 2 litros e uma menor de
água mineral brita ou pedrinhas, terra, saco de lixo preto, minhocas.
Procedimentos:
Corte a garrafa pet tirando o bocal. No fundo da garrafa pet coloque brita (não
há necessidade de furar o fundo da pet). Sobre a brita coloque a garrafa menor
(com água e tampa) dentro da garrafa pet. Ao redor, despeje a terra e largue as
minhocas. Após terminar, utilize um saco de lixo escuro para envolver a
garrafa, pois as minhocas não são acostumadas com claridade. Não é necessário
molhar, pois a garrafinha com água fornece umidade para a terra, a não ser que
seja uma região de excessivo calor, molhe de vez em quando, podendo colocar
alguns lixos orgânicos sobre a terra para alimento das minhocas. Depois de
dias, ao tirar o saco de volta da garrafa poderemos observar os caminhos das
minhocas bem definidos. Volte a cobris com o saco de lixo evitando a luz para as
minhocas.
Materiais
necessários: garrafas pet, tesoura, terra, mudinhas ou sementes.
Procedimentos:
Deite a garrafa pet e corte um dos lados da “barriga” da garrafa, sem
atingir o fundo nem a boca da garrafa. Faça pequenos furinhos no fundo e
coloque terra. Em seguida, plante as sementes ou as mudas e é só cultivar com
cuidado. Como suporte podemos usar
caixas de ovos para que não fiquem diretamente no chão e, de tempos em tempos,
estes suportes poderão ser substituídos, pois podem apodrecer com a umidade
que escorre do excesso da água pelos furinhos da garrafa.
-
Levantar a seguinte questão: Como globalizar a Educação Ambiental aos
conteúdos curriculares e às atividades desenvolvidas rotineiramente na escola?
Para
professores da Educação Infantil poderemos apresentar alguns exemplos:
Exemplo 1: Quando trabalhamos o tema TERRA, poderemos trabalhar noções
de espaço, tamanho, cor, motricidade fina em atividades práticas com argila ou
desenhos, plantio, observação, expressão oral, etc, realizando atividades que
envolvam e desperte o interesse da criança sobre o assunto trabalhado. É
importante disponibilizar materiais como livros e revistas para manuseio das
crianças, onde podem encontrar gravuras referentes ao tema em questão.
Exemplo 2: Quando trabalhamos o tema NATUREZA poderemos realizar
atividades que desenvolvam noções de tamanho, forma, cor, espessura,
sensibilidade - tato, olfato, visão, audição, paladar...
-
Atividade: Com base nestes exemplos, escolha um assunto e elabore um
planejamento ou projeto para uma unidade de estudo (dependendo a denominação
referente em sua escola) a ser trabalhado num período de uma a duas semanas, de
forma a integralizar as diferentes áreas a serem trabalhadas na Educação
Infantil.
Atividade
9 - sugestões de materiais didáticos gerais com sucata:
Confecção
do professor:
- Brinquedos
com caixas, garrafas plásticas, embalagens em geral - bilboquês, carrinhos,
chocalhos, caixas enfeitadas.
- Massinha
de modelar caseira.
Atividade
10 – Atividade criadora - Confeccionar brinquedos com sucata
Disponibilizar
para os/as educandos/as sucatas em geral (lixo seco limpo) bem como materiais básicos
como cola, tesoura, arame, cordão, etc., e deixa-los livres para criarem
brinquedos com sucata. Depois, realizar uma exposição.
Um
Conto
Como
explicar o inexplicável - Um conto de Maria Cristina Zeballos de Sisto (Buenos
Aires, março de 1995).
Maria
Cristina, advogada, certa vez deparou-se com uma pergunta de seu pequeno
Frederico, de cinco anos que lhe questionou sobre o cheiro e a cor do rio que
havia visto num passeio da escola. Como lhe responder a esta questão? Como lhe
explicar que esse era um rio poluído? Como lhe explicar que pessoas como seus
pais eram responsáveis pela contaminação do rio? Como lhe explicar que para
fabricar seus sapatos se contaminam litros de água? Resolveu, então, criar um
conto:
Era uma vez, uma gota de água que morava numa grande e gorda nuvem, e se
chamava GOTITA. Certo dia, lá do alto da nuvem GOTITA viu no alto de uma
montanha, um fio de prata que descia e ficava cada vez maior e brilhava como o
sol. Muito curiosa GOTITA perguntou a uma gota mais velha:
- O que é aquilo tão lindo que desce do alto da montanha?
A gota mais velha lhe respondeu que era a nascente de um rio que é
formado por muitas outras gotas que vivem viajando e moram com muitos peixes e
plantas aquáticas.
- Quero ser rio também! Respondeu animadamente.
Para sua sorte, naquele momento começou uma forte chuva e GOTITA
embarcou de carona para conhecer aquela maravilha. Mergulhou fundo no rio e tudo
era como a gota mais velha lhe havia dito. Ali as águas eram cristalinas e foi
então que começou sua viagem.
Logo se deparou com algumas mulheres lavadeiras às margens do rio. Elas
despejavam no rio uma água espumante e cheirosa e aquela água também seguia o
curso do rio, então, tratou de continuar sua viagem.
Na manhã seguinte encontrou um pescador que havia pescado um bagre
bigodudo. Foi até a margem para ver o que iria acontecer com o bagre e
deparou-se com muitas latas e potes plásticos no leito do rio. Aquilo já não
era mais tão bonito...
Seguiu sua viagem e a noite avistou muitas luzes que pareciam mil
estrelas e sentiu a música de uma pequena cidade. Dois namorados diziam poesias
quando ela passava, porém, em seguida lhe ocorreu algo muito desagradável: de
um grosso tubo começou a sair um líquido marrom e de textura viscosa. Eram os
dejetos de esgoto da cidade. Daí em diante as coisas mudaram. A viagem deixou
de ser encantadora. O dono de um frigorífico sujou a água com sangue de um
montão de animais e contaminou o rio com restos de tanino que saiam de seu
curtume.
No dia seguinte passou por uma usina que
produzia energia para a cidade. Os que fabricam eletricidade utilizam a água do
rio para esfriar as turbinas. Teve a sorte de conhecer uma turbina por dentro.
Este último passeio a esquentou um pouquinho e alguns peixes morreram. Há
poucas horas adiante dos deságües de uma fábrica juntaram-se umas substâncias
que têm nomes muito difíceis e que são muito perigosas. Realmente os humanos
não deixavam GOTITA em paz. Neste momento ela pensou: “Que complicado é ser
rio”. Logo passou um barco cheio de troncos de árvores que perdia petróleo
que ele usava como combustível. Este último acontecimento a perturbou um pouco
mais. Nesta noite descobriu que as estrelas quase não se refletiam na água e
logo chegou a capital. Em seus arredores vivia muita gente. A sujeira se
amontoava nas margens e não se via ninguém, somente muito lixo e entre ele,
pneus de automóveis habitados por muitos caracóis que transmitem aos humanos
uma doença muito rara. Logo se deu conta que o leito do rio estava coberto por
algo negro. Escutou um senhor que dizia que aquilo era petróleo. O andar do rio
era cada vez mais lento. Um automóvel velho era morada de muitos ratos as
margens do rio. O rio já não era mais puro e nem cantava o canto das
cachoeiras. A GOTITA sentiu um odor muito forte. Uma mamãe disse ao seu filho
que não podia nadar neste rio porque as águas estavam contaminadas e o contato
com essa água era muito perigoso. Neste momento a GOTITA avistou uma professora
com seus alunos. “Eles vão querer brincar comigo”, pensou a GOTITA, porém
somente escutou a voz de Frederico perguntando: ”o que é isso que cheira tão
mal?”. GOTITA encheu seu coração de pena e ela se sentiu muito leve, pois o
sol começou a esquenta-la e a transformou novamente em nuvem. Suspirou de alívio,
“Que susto”, exclamou “Estou limpa e de novo em casa”.
Quando se preparava para descansar de sua longa viagem desde o começo,
viu uma grande mancha negra que entrava no mar: esse era o rio da Prata.
Assim Frederico aprendeu como os homens podem transformar a natureza.
Tradução e Adaptação - Berenice Gehlen
Adams
Estas atividades foram desenvolvidas em
algumas oficinas do
Projeto APOEMA - Educação Ambiental, quando a autora
participou de eventos e simpósios educacionais. Os
resultados eram surpreendentes e animadores.
É
permitida a reprodução deste material desde que conste a fonte e a autoria.
Projeto Apoema - Educação Ambiental