Colunista Ivone Boechat
Ivone Boechat é Consultora Técnico-Pedagógica e a mais nova parceira do Projeto Apoema - Educação Ambiental. Periodicamente estará enriquecendo este espaço com textos e poemas que possibilitam a sensibilização e a reflexão sobre importantes aspectos vivenciados no cotidiano.
Formação: Curso de Produção e Criação em Rádio, Cinema e Televisão-Faculdade da Cidade, RJ. Bacharel em Direito pela Universidade Cândido Mendes – RJ. Graduada em Pedagogia pela Universidade Augusto Mota – RJ. Pós-Graduada em Educação pela UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) Pós-Graduada em Metodologia do Ensino Superior pela Universidade Augusto Motta - Rio de Janeiro. Livre docente em Psicanálise- WIU-USA. Mestre em Educação – Wisconsin International University-USA PhD – Psicologia da Educação - Wisconsin International University – USA. Livros publicados: 1- A família no Século XXI - 3ª.edição. 2-Amanhecer (Poesias) – 3ª edição. 3- Amor – A força mágica da Educação (et alii). 4- Competência Emocional – 3ª edição. 5- Educar para a felicidade – 3ª edição. 6- Escola Comunitária – 4ª edição. 7- Escola, doce Escola – 6ª edição. 8- Estratégias para encantar educadores na arte de aprender. 9- Nós da educação - (2ª.edição). 10- Nós da maturidade. 11- Nós mulheres. 12- O Desafio da Educação para um Novo Tempo – 2ª edição. 13- O futuro chegou – 2ª edição. 14- Por uma Escola Humana – 4ª edição. 15- Projeto Político Pedagógico da Escola Comunitária, (et alii). 16- Reflexões sobre a nova LDB, (et alii). 17- Uma Escola que Ensina a Amar – 5ª edição. |
POEMAS E TEXTOS DA AUTORA:
Novidades de Ivone (2011), lindos poemas:
Preserve- Arquivo em PowerPoint - Acesse aqui
Conforto - Arquivo em PowerPoint - Acesse aqui
Biblioteca Virtual de Ivone - Acesse aqui
Diversos poema de Ivone em homenagem a mulher. Clique no beija-flor para acessar:
Fotos Bere Adams
Destruição, não!
Não impeça que os pássaros voem
na direção que quiserem,
não interrompa seu canto,
não destrua seus ninhos
que se escondem pelos ares.
Não faça muralhas impedindo
que os rios desfilem tranqüilos
na direção dos mares,
eles são os primeiros habitantes
do Planeta.
Plante árvores, economize água,
acenda a luz,
mas não se esqueça de apagá-la
a vida é linda,
a Terra está clamando ainda,
procurando alguém que possa
amá-la.
Ivone Boechat (15/12/09)
A arte de viver
Viver
é se aproximar e, ao mesmo tempo, livrar-se de si mesmo, de angústias e egoísmos.
Viver é um dom magnífico. Viver é participar desta misteriosa matemática
sincronização do universo: o mortal desfrutando de experiências materiais
numa concessão espiritual. Viver é transcender, através da participação na
história, pelas marcas deixadas no caminho, no resplandecer de gerações que
se sucedem.
Viver
é mobilizar e envolver-se para afastar comportamentos que empobrecem a
participação na vida, buscando valores e refazendo idéias que desbotam a
aventura de sobreviver, em meio ao disparate humano na conquista do impossível.
Viver
é proporcionar, reabastecendo-se no manancial da fé, inundando a vida com as
possibilidades de cada dia. É investir minutos e minutos, colorindo de esperança
as horas. É aprender com as manhãs a iluminar obstáculos, não se importando
com a escuridão da noite. "Basta a cada dia o seu mal".
Viver,
lutando, incessantemente, para desarmar veículos que levam à violência. Fazer
do comportamento um elo que une as pessoas umas às outras para formar a grande
corrente de otimismo. A força nascerá e há de acontecer o milagre para o qual
o homem foi criado: viver no paraíso.
Viver
com alegria e na certeza de ser útil, como fiel mordomo do seu próprio corpo,
oferecendo-o em holocausto para a felicidade daqueles que compõem este painel
de realidades.
Viver é, sobretudo, preservar. É
educar-se para viver em harmonia com o tempo e o espaço, coordenando fantasias
e verdades para o equilíbrio e a razão.
Viver
e não interromper a apoteose fantástica das flores se abrindo nem desafinar o
grandioso coral de pássaros no espetáculo gratuito diário que extasia a
humanidade.
Viver
e preservar rios e mares, cuidando da terra e dos animais, porque
fazem parte do equilíbrio da vida.
Viver
no firme propósito de melhorar todo dia: no grupo de amigos, na família, no
trabalho, disposto a assumir o compromisso de colocar um mosaico na construção
da paz, para viver experiências de melhores dias.
Ivone Boechat
Apresentação em PowerPoint de poema
Fui buscar as flores
Clique na flor para acessar
Consciência ecológica
“O
homem é a coroa da criação”. O ser humano tem o sabor do oceano na lágrima.
Na composição química do seu corpo estão todos os preciosos metais que compõem
a Natureza. Ele tem a mesma proporção de líquido do Planeta Terra no seu
corpo. Na formação de sua estrutura física e espiritual estão presentes os
estados sólido, líquido e gasoso: natureza e homem são Universo-único verso
de Deus!
Para Roger Garaudy “Crer que somos separados é que é ilusório. Os homens somos como galhos de uma mesma árvore, ou como ondas de um mesmo Oceano”.
Roger denuncia na sua obra Apelo aos vivos, que “O homem violou três infinitos. O infinitamente pequeno: ao domar o átomo e liberar a sua fantástica energia. O infinitamente grande: ao transpor as barreiras da Terra, viajando pelo Cosmo. O infinitamente complexo: através da Cibernética”. Muito angustiado pelo avanço tecnológico, sem compromisso com a vida, ele desabafa: "Optar pela energia nuclear é assassinar nossos netos".
Xamã,
um pagé americano, diz que ensina assim ao seu povo: Primeiro, a arte de
escutar. Segundo: que tudo está ligado com tudo. Terceiro: que tudo está em
transformação. Quarto: que a terra não é nossa, nós é quem somos da terra.
O
Mestre aponta para a serenidade das flores do campo, como um atalho na busca do
equilíbrio ecológico espiritual. As
flores dão nomes a mulheres, homens, lugares, rios, países. As flores são
alimentos e curam, também!
Esse
equilíbrio da alma vai se conseguir na medida em que brotarem nos canteiros do
respeito as sementes da paz interior, da compaixão por si mesmo, pelo outro e
pelo Universo. Albert Schweitzer afirma: "Quando o homem aprender a
respeitar até o menor ser da Criação, seja animal ou vegetal, ninguém
precisará ensiná-lo a amar seu semelhante".
Preservar
é não desistir de lutar pela vida, é ajudar a garantir às gerações a dádiva
de viver! O cidadão comprometido com a vida é capaz de interagir e ajudar a
deter o poder de destruição ao redor, mesmo sem ter nas mãos as prometidas
verbas públicas. Ele pode exercer a cidadania de uma forma pacífica,
inteligente e gratuita: indignar-se. Para preservar é preciso formar cidadãos
sentinelas da vida, que saibam intervir no momento certo para se evitar o
desperdício, o mau uso, o abuso, mas, sobretudo, formar o educador do meio
ambiente, capaz de ensinar “a tempo e fora de tempo” como viver sem deixar
um rastro de morte por onde passa.
É
preciso formar educadores para assessorar a sociedade na administração do que
herdou. O Brasil pode dar ao mundo um grande exemplo de fraternidade, ao propor
um programa de reciclagem de vidas e a restauração do homem.
Quando o homem desperdiça água, luz, árvores, pensamentos positivos, oportunidade de preservar-se, inteligência para interagir na preservação do Planeta, está adubando com a própria lágrima o terreno da morte para se destruir.
Quando
distribui lixo político, social, espiritual, emocional, e toda a espécie de ações
inconseqüentes, está infectando o espaço, semeando transtornos. São crimes
hediondos contra a vida.
A
juventude recebeu de herança dos maus governantes, dos currículos indecentes,
dos “educadores” dormentes e dos pais omissos, um grande e riquíssimo
patrimônio... mal administrado, mal conservado, mal amado. É urgente que
se enfrente o maior desafio de todos os tempos: formar os valores que vão
substituir as mentes destruidoras por aquelas que têm sensibilidade para amar e
preservar. O slogan poderia ser: adote o seu planeta como bichinho de
estimação. É um desafio educacional.
"Embora
ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode recomeçar
agora e fazer um novo fim".
21/01/09
Uma linda mensagem de Natal - Ivone Boechat. Para acessar, bata na porta e entre:
Lenda de Natal
Conta-se que os animais descobriram que Jesus ia nascer. Ficaram preocupadíssimos e foram procurar o leão, rei da floresta, para as providências necessárias. Afinal, a notícia não era um fato comum e alguma coisa precisava ser feita.
Foi marcada uma reunião e todos os animais foram convidados. Movimentação
total! O rei leão, muito compenetrado da responsabilidade, explicou,
detalhadamente, os motivos da assembléia:
- Vocês já sabem que Jesus vai chegar? Gostaria de apelar para que
colaborassem com uma oferta para a grandiosa festa de sua chegada. É uma visita
muito importante. Temos o dever de tratá-la com todas as honras. Aqui na
floresta, gostamos de receber o Bem de braços abertos!
Cada convidado levantava-se e oferecia um presente. O boi se desculpou de ser tão
pobre, mas colocou a estrebaria à disposição de Nosso Senhor; o carneiro
ofereceu a lã; a galinha os ovos; o jumentinho se dispôs a levá-lo por onde
precisasse e, assim, cada qual deu o melhor que possuía.
Quando a reunião já estava terminando, o macaco, que é muito observador,
gritou que havia um homem assistindo à reunião, lá de trás. O rei,
ponderadamente, pediu calma e consultou aos demais participantes sobre a atitude
que deveria ser tomada:
- Este homem não havia sido convidado, mas não está incomodando a ninguém. O
que fazer? Dar-lhe a palavra também?
Resolveram que sim, ele falaria ao final. Foi encerrada a sessão de oferendas e
dada a oportunidade ao representante da humanidade. Muito desajeitado, ele veio
à frente e, após mil desculpas, disse:
- Acho que vocês já deram tudo, nem sei mais o que oferecer. Estou contente,
porque a reunião está muito bonita, muito alegre. A gente constata o imenso
amor pela capacidade de doação aqui demonstrada. Nós, homens, ainda não
tomamos nenhuma providência para a chegada de Jesus, pelo contrário, o
ambiente não está muito bom. Talvez, ao nascer, Ele tenha que ficar escondido,
porque poderão matá-lo.
- Oh! Murmuraram os animais.
- Vocês podem ir embora, tranqüilos. Não creio que tenha sobrado nada para nós
oferecermos a Nosso Senhor. No dia certo, então, providenciaremos a cruz.
A reunião foi encerrada e seus organizadores foram embora, sem entender nada
sobre o "presente" que o homem ofereceu.
Ivone Boechat
DEZ / 07
A revolução das flores
Num
vale florido, o perfume envolvia as abelhas que trabalhavam,
com
muito entusiasmo, compondo um belo cenário com borboletas e beija-flores
felizes.
Corria
por ali a notícia que homens armados contra a Natureza estavam chegando.
Ali,
nesse paraíso, as flores estavam tristes e foram procurar as árvores
mais
velhas. Convocaram a espada-de-sãojorge, comigo-ninguém-pode,
os
espinhos da coroa-de-cristo e partiram determinadas.
Debaixo
de uma frondosa árvore, pediram um conselho: o que fazer para
convencer
ao homem que gosta de destruir a vida, para que se arrependa
e
comece a reconstruir e a preservar... Aquela senhora árvore
centenária,
indignada, desabafou:
-A
nossa expectativa de vida pode chegar a centenas de anos de vida útil,
sem
esclerose, osteoporose, lordose... que tanto afligem os humanos.
O
maior perigo é a serra elétrica, o machado, o fogo.
A
rosa concordou e acrescentou:
-
O maior perigo de todos é o homem sem educação.
Então
as flores deram-se as mãos e decidiram propor que todo homem
destruidor
e vil fosse educado, desde menino, para plantar
o
amor-perfeito em volta das
casas, das escolas, das empresas,
das
igrejas, porque quanto mais cedo a criança aprender a amar
o
planeta Terra, maior é a chance de começar a prevenir e a preservar a
Natureza.
Aí,
animação geral! Veio o copo-de-leite
e se ofereceu,
sem
contaminação, puro e fresquinho para ajudar a oxigenar
os
vales. Boca-de-lobo prometeu mais ação,
ao invés
de
criticar por criticar. Hortência preferiu
plantar-se
melhor
para não ficar por aí, sem se cuidar, desbotada
e
feia. A dama-da-noite, tão sumida,
ultimamente,
disse
que a noite é uma criança e quer voltar a perfumar o espaço dela.
A
noite foi chegando e as flores se recolheram com a promessa
de
juntar-se aos homens não só nas horas tristes e dolorosas.
Elas
querem voltar com todo o esplendor e formosura,
espalhando
graça e perfume para receberem com
o
cálice transbordante de néctar os beija-flores.
Ivone Boechat
NOV/07
NOV/07
Monólogo
da árvore
Fui gerada no útero de uma pequenina semente,
vim ao mundo com a missão de preservar a vida coletiva!
Minha família é muito grande: os seres que
habitam o Planeta.
Como todo ser vivo, respiro, sinto e percebo os fluidos ao meu redor.
Preciso de oxigênio e de muito amor para oferecer à Natureza
abrigo e conforto.
O meu crescimento vai depender do tamanho do
espaço em que me plantarem.
Busco desesperada pela luz do sol,
me entorto, me estico, se precisar,
passo por cima de tudo para sobreviver.
Quantas vezes, você me corta,
porque estou feia, gorda, incomodando...
Tudo é desculpa para me derrubar...
As árvores são discriminadas! Aquelas floridas,
perfumadas, altaneiras são mais cortejadas,
como na sociedade dos homens!
Lembre-se de que os passarinhos cantam, seduzem
e fazem seus ninhos, em qualquer árvore.
Ajude a lutar por mim.
Cada árvore que se corta, é um atentado à própria vida.
Ivone
Boechat
OUT/07
A
sustentabilidade humana
O homem busca, em desespero, mas antes tarde do que nunca, a preservação do que sobrou neste Planeta. Não é impossível, até porque atitudes simples têm o poder de mudar o rumo de coisas importantes. Mas eis o impasse: por que não se começa a educar para o equilíbrio da ecologia humana? Quanto custa o esforço por um abraço, um sorriso, uma demonstração de afeto?
A Escola gasta quase todo o tempo destinado a ela resolvendo equações de primeiro e segundo graus e a criança vive refém de deveres de casa. Não há tempo nem espaço brincar. Dirão muitos que a concorrência exige tudo isso na corrida desenfreada ao mercado de trabalho: passar nos concursos, nos vestibulares e arranjar emprego, só quem sabe mais equação e rebincoca da parafuseta.
Certa vez perguntaram a uma famosa atriz, centenária, o que a levou ao sucesso nos palcos do teatro e ela nem pestanejou: a fome. Estudar não lhe fez falta? Perguntou o repórter, e ela disse que não, porque a professora só ensinava algarismos romanos até 100.
A educação tem os recursos pedagógicos para transformar a humanidade. Quem falhou? Ao invés de se ensinar só doutrinas, porque não se ensinam valores? Fé, amor, paz, união, misericórdia, fraternidade, solidariedade? Ensinar ao homem a ser bom é um grande desafio. Todas as guerras do Planeta têm origem nas doutrinas.
Quando o homem reflorestar as idéias, podar os galhos secos da ira, regar suas raízes no manancial da fé, vai colher os frutos de um mundo oxigenado de amor. O homem equilibrado vai equilibrar o Planeta!
Ivone Boechat
OUT/07
O
testamento
Era
uma vez um homem rico e poderoso, dono de muitas terras, que tinha três filhos.
Ao alcançar a maturidade, aquele senhor viu que seus herdeiros
não gostavam de trabalhar, eram gastadores, irresponsáveis. O pai vivia
preocupado. Qual seria o futuro de pessoas ricas que não sabem preservar o que
possuem, administrar a fortuna e nem plantar? Por mais que ele ensinasse,
insistisse, não percebia o interesse de nenhum dos três jovens.
Certa
noite convocou os três filhos e abriu o testamento que deixaria, ao morrer. Leu
em voz alta: vou deixar um tesouro para vocês que está enterrado
num lugar misterioso e difícil de encontrar, debaixo das terras desta colossal
propriedade.
O
pai morreu! De posse da herança, os três começaram a cavar noite e dia,
procurando o tesouro. E cada buraco que abriam semeavam para aproveitar o esforço.
Dentro de pouco tempo multiplicaram a plantação e a colheita foi fantástica.
E assim, à procura do tesouro deixado pelo pai, foram plantando, plantando e
ficando cada vez mais ricos e poderosos.
Ao
envelhecer, os herdeiros olharam um para o outro e concluíram: o tesouro
deixado por nosso pai foi o trabalho.
Moral da história: todos nós temos um tesouro debaixo das terras brasileiras e ainda não aprendemos a descobrir o Brasil?
Ivone Boechat
OUT/07
Socorro!
Um rei ganancioso ordenou que toda a agricultura do seu reino fosse desativada para que a mão-de-obra se concentrasse na exploração de ouro e de pedras preciosas. Ninguém mais poderia plantar nada. Os súditos deveriam se preocupar somente com o ouro, porém, a rainha, mulher sensível e muito sensata, ficou apavorada com essa decisão e começou a pensar noite e dia numa solução para tão grande problema.
Um dia, a rainha teve uma idéia. Mandou que os servos preparassem um banquete com pudins, manjares e delícias prediletas do rei, em ouro e pedras preciosas. Sem que o marido soubesse, distribuiu os convites aos seus melhores amigos, às pessoas mais ilustres.
Era
o dia tão esperado e os convidados começavam a chegar. A mesa estava lindíssima,
ninguém jamais vira nada igual, só que a rainha deu ordens para que se
atrasasse o máximo o serviço: o jantar deveria sair bem tarde.
A
hora ia passando e as pessoas estavam inquietas. O rei reclamava do atraso e
confessava sua fome à esposa. E nada de jantar. Finalmente, foi dada a ordem
para que se ocupassem os lugares à mesa. Só que na hora de arrumarem os
pratos, a rainha pediu a palavra e lamentou:
-
Senhores, neste reino a ordem é para que ninguém plante mais nada, nosso
jantar desta noite será o cardápio do futuro. É lindo, reluzente, mas ninguém
pode tocar, mas é bom que se acostumem, desde agora, a comer ouro e pedras
preciosas.
O
rei levantou-se indignado, morto de fome e naquela noite mesmo, revogou o
decreto que proibira a agricultura.
Que
lição aprendemos? O Brasil com milhões de metros quadrados de terra fértil não
tem política de prioridade para a agricultura e hoje quem se desfruta de um
pequeno quintal, ao invés de plantar, pelo menos, uma pequena horta, resolveu
espalhar cimento, por comodidade.
Onde
estão as hortas escolares que tanto poderiam ajudar na suplementação da
merenda escolar? Alguém se lembra de educar para a adoção de uma dieta
correta? Estamos nos alimentando de
maneira totalmente errada. As receitas dos programas de tv são para a minoria
copiar e até parece que se come caviar por aqui. Quase ninguém ensina sobre o
valor do inhame, da abóbora, da couve, da batata-doce. Pelo contrário,
discriminam-se os alimentos que poderiam ser cultivados num pequenino quintal...
Atenção,
professor, ajude a valorizar aquilo que ainda se pode ter na mesa dos
brasileiros.
Ivone Boechat
OUT/07
Prece da criança
Senhor,
estou muito assustado,
estão nos fazendo medo,
fico até cansado de pensar
um jeito de proibir os adultos
de matar os passarinhos,
de acabar com os rios,
de poluir os mares.
Tudo que o Senhor fez é tão bonito,
até me irrito,
quando vejo guerras dominando alguns lugares.
Quero sonhar
com uma escola feliz,
com professores sorrindo,
e uma nota que dê para passar...
É isto que sempre quis...
Ah! Quero minha família unida,
segurança para brincar na praça,
a imensa graça, de dormir,
sabendo que se há alguém na rua
vai poder voltar.
Amém.
Ivone Boechat
OUT/07
Ecologia humana
Reflorestar idéias,
reciclar comportamentos,
irrigar emoções,
adubar o terreno dos perdões...
Podar os galhos ressecados
de qualquer temor
dos vencidos...
aplainar o olhar social,
buscando os excluídos,
onde for,
iluminar , oxigenar e plantar,
plantar sementes
selecionadas de amor.
Ivone Boechat
SET/07
Árvore da vida
No alvorecer da estrada da vida,
Há uma luz no seu interior
que indica amor, conquista!
Não desista
da lida de colher os frutos à vista.
Este paraíso
fica escondido na árvore de sua vida...
São projetos que não se esvaem,
“dão os frutos na estação própria
e cujos frutos não caem.”
Colhe cada fruto, maduro,
amassado, amargo, doce,
passado, ele cura qualquer luto,
sara espinhos e maldade
pra semente brotar de novo
na eternidade.
Ivone Boechat
SET/07
Self-service
de valores
A vida é uma grandiosa festa, um verdadeiro banquete de valores e dádivas,
onde os convidados podem se servir à vontade. O primeiro passo é educar para
selecionar bem os verdadeiros pratos, aqueles que lhe darão saúde física e
espiritual.
Sucesso: Vá devagar. O excesso pode estofar o peito!
Felicidade: Faz a reposição hormonal do bem estar.
Casamento: Mastigar bem é recomendável para evitar a indigestão.
Convivência: Tem muita pimenta. É saboroso. Cuidado com os excessos.
Amor: Alimento integral. Sirva-se à vontade. Leve as sementes para casa.
Carinho: Não coma em prato fundo. Quando transborda incomoda aos outros.
Alegria: Ofereça sempre um pouco ao seu vizinho.
Solidariedade: É massa. Coma na hora, se guardar endurece.
Compaixão: É um vegetal, fortifica e dele se aproveita tudo.
Amizade: Salpique bastante afeto, tempere com muita compreensão. Fria, perde o
sabor.
Riqueza: Encha o prato, coma devagar. Nunca deixe de repartir com o próximo.
Sonho: É excitante. Excelente para perfumar a realidade.
Paz: É um suco que se deve compartilhar, diariamente. Use o adoçante natural
do querer.
Fé: Não pode faltar! Faça sua encomenda diretamente à central divina.
Gratidão: Nunca ponha para congelar. É um prato que se come na hora, quente.
Esperança: Nunca perde o prazo de validade. Coma à vontade.
Oração: Não é comestível. Perfuma com sua essência a comunhão com Deus.
Ivone Boechat
SET/07
Era
uma vez...Espaço
Era uma vez um menino muito grande e bonito chamado Espaço.
O tempo foi passando, mas Espaço não cresceu; diminuiu. Começou a conviver,
sem querer, com sua amiga Sobrevivência e, de repente, as pessoas se amontoaram
e quase o sufocaram.
De uma coisa vocês não sabiam, Espaço está chocado, porque o inimigo Poluição
invadiu o território, tomou conta dos seus ares e foi um fracasso. Espaço está
contaminado.
Noutro dia mesmo, Espaço já ia brigando com seu melhor amigo, Segurança. Em
todos os lugares em que ele se mexia, surgia Medo, parceiro de Insegurança,
para o perturbar. Espaço teve que se armar. Mas será que resolveu o problema?
Ele está apavorado com tantos inimigos...
Paz, irmã de Espaço, que agora mora longe, telefonou para a prima Natureza e
pediu ajuda. Afinal de contas, os passarinhos, as árvores, o perfume das
flores, o seresteiro, o tocador de realejo, o poeta, as crianças, estão
reclamando de espaço, todo dia, com razão. Eles querem se instalar,
definitivamente. Estão sendo jogados de um lado para o outro.
Espaço desculpou-se com Natureza e disse que o culpado não é só ele. As
pessoas vivem correndo atrás de Sobrevivência e se esquecem de que existe
oportunidade em outros lugares.
Agora, a solução está entregue a Dr.ª Gente, capaz de estudar com calma os
prós e contras da reclamação de Espaço. O corre-corre, os enfartes, o
empurra-empurra dentro do caldeirão cultural, a neurose de tempo, as angústias
de ter, serão solucionados, porque estas são a sua especialidade. Se isto não
acontecer, muito em breve, Espaço vai ficar vazio, as pessoas se desintegrarão
nos braços da inimiga Morte. Seria muito triste. Espaço gostaria de crescer,
abrigar a todos que o procurassem, para que sua irmã, Paz, não fosse morar tão
longe.
Ivone Boechat
SET/07
E-mail da autora: i.boechat@terra.com.br
Sites da autora:
http://www.paralerepensar.com.br/ivoneboechat.htm
http://geocities.yahoo.com.br/i_boechat/
Poemas e textos indicados por Ivone:
As Velhas Árvores
Olha estas
velhas árvores, — mais belas
Do que as árvores mais moças, mais amigas,
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas . . .
O homem, a fera e o inseto à sombra delas
Vivem livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E alegria das aves tagarelas . . .
Não choremos jamais a mocidade!
Envelheçamos rindo! envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem,
Na glória da alegria e da bondade
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!
Olavo Bilac
Sofro, luz dos
meus olhos, quando dizes
Que a vida não te alenta nem conforta.
Olha o exemplo das árvores felizes
Dentro da solidão da noite morta.
Que lhes importa a dor, que lhes importa
O drama que há no fundo das raízes?
Não sentem quando o vento os ramos corta
E as folhas leva em várias diretrizes?
Que lhes importa a maldição do outono
E os dedos envolventes da garoa,
Se dão sombra às taperas no abandono?!...
Levanta os braços para o firmamento
E canta a vida porque a vida é boa
Mesmo esmagada pelo sofrimento.
Olegário Mariano
Oração para salvar o Planeta
Ó
Deus,
Nós
te damos graças por este universo, nosso lar; pela sua vastidão e riqueza,
pela exuberância da vida que o enche e da qual somos parte.
Nós
te louvamos pela abóbada celeste e pelos ventos, grávidos de bênçãos,
pelas nuvens que navegam e as constelações, lá no alto.
Nós
te louvamos pelos oceanos, pelas correntes frescas, pelas montanhas que não
se acabam, pelas árvores, pelo capim sob os nossos pés.
Nós
te louvamos pelos nossos sentidos: poder ver o esplendor da manhã, ouvir as
canções dos namorados, sentir o hálito bom das flores da primavera.
Dá-nos,
rogamos-te, um coração aberto a toda esta alegria e a toda esta beleza, e
livra as nossas almas da cegueira que vem da preocupação com as coisas da
vida e das sombras das paixões, a ponto de passar sem ver e sem ouvir até
mesmo quando a sarça, ao lado do caminho, se incendeia com a glória de
Deus.
Alarga
em nós o senso de comunhão com todas as coisas vivas, nossas irmãs, a
quem deste esta terra por lar, juntamente conosco.
Lembramo-nos,
com vergonha, de que no passado nos aproveitamos do nosso maior domínio e
dele fizemos uso com crueldade sem limites, tanto assim que a voz da terra,
que deveria ter subido a ti numa canção, tornou-se um gemido de dor.
Que
aprendamos que as coisas vivas não vivem só para nós; que elas vivem por
si mesmas e para ti, que elas amam a doçura da vida tanto quanto nós, e te
servem, no seu lugar, melhor que nós no nosso.
Quando
chegar o nosso fim, e não pudermos fazer uso deste mundo, e tivermos de dar
nosso lugar a outros, que não deixemos coisa alguma destruída pela nossa
ambição ou deformada pela nossa ignorância.
Mas
que passemos adiante nossa herança comum mais bela e mais doce, sem que lhe
tenha sido tirado nada da sua fertilidade e alegria, e assim nossos corpos
possam retornar em paz para o ventre da grande mãe que os nutriu e os
nossos espíritos possam gozar da vida perfeita em ti.
Amém!
Walter Rauschenbush
NOV/07
E-mail da autora: i.boechat@terra.com.br
Sites da autora:
http://www.paralerepensar.com.br/ivoneboechat.htm
http://geocities.yahoo.com.br/i_boechat/
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